Paladinos da Justiça
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 Cameron

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MensagemAssunto: Cameron   Cameron Icon_minitimeSex maio 05, 2023 1:09 pm





Parte 1




A noite eterna trazia aquilo de mais comum no universo, as sombras e a tranquilidade em cada alma que enxergavam nela conforto.



Única forma de surrar os desgraçados que ela usam de abrigo era se juntar as sombras da noite e fazer delas seu lar, Poe estava acostumado a sair tarde, comprar brigas que não eram dele, mas hoje isso estava custando sua carreira.





Ou os ringues ou as ruas, um pescador não pode ficar com os pés em dois barcos.





Seu corpo ainda o incomodava com as dores da briga contra os blood suns, e ainda da luta contra Zazz que fizera antes, mas nada o incomodava mais do que sair e não quebrar esses desgraçados, esta noite, ele resolveu fingir o que não é, alguém normal que sai para beber a convite de Gal, a jovem que ele ajudou.




Que acha estranho um moroe, lobo daquele tamanho beber refrigerante, ela vê a irritação em seu rosto, mas sabe que essas brigas podem acabar matando ele se ele não parar, as histórias que contavam eram boas;



-Hm… onde sua mente está? Fica olhando as pessoas lá fora.      



Apenas respira fundo.



-Procurando alvos. E os filhos de puta que os caçam. Força do hábito.        




Gal apenas ri.




 -Relaxa, a vida pode ser foda, mas não 24h por dia..
   




Poe apenas balança a cabeça de forma negativa, era a forma dele não rir, quando o sino da porta do bar toca, e 3 reptilianos entram conversando de forma animada.




Poe segura um rosnado só de ver eles, Gal percebe e logo o chama.





-Hey, calma, o que foi? Todo reptiliano que aparece você faz isso.      




Poe se lembra do sorriso de réptil de sua mãe.




-Nada,  só não gosto de esca…

 
   




Gal bate o braço na mesa, chamando o olhar de Poe para ela…



 -Hey, para, sem essa, não sei o que um fez com você, mas eles não são malignos, porra até os metamorphs acho eu não odiaria eles todos    



Poe solta a tensão no seu rosto por instante.



 -Tem razão… só espero que você não tenha seus motivos um dia…




-E o seu bar como anda?
   



Pergunta ele arrancando um discreto sorriso de gal, o sino toca de novo, eram os reptilianos saindo, enquanto outros dois entravam, esses entram quietos e começam perguntar algo de forma preocupada para uma das garçonetes brenchseijins.




Poe olha de novo daquele jeito mas logo se volta para Gal, ela repara o óbvio, ele não relaxava. As ruas eram um ringue, e tudo que falta era um alvo. Sempre…



Ambos voltam a conversar quando a garçonete chama o dono do lugar, ele logo chegar e um dos dois reptilianos perguntam



 -Truta, beleza? Preciso saber uma coisa, estou procurando um homem. Pode me ajudar.  



O dono do bar, apenas ri.



-Jaja, eu tenho cara de que? App de namoro?



Eles rien, até Gal ri, Poe apenas continua a beber o refrigerante, sério





-Haha, não chefia, preciso encontrar alguém que sumiu, é monroe lupino, cinza, alto agora acho, chamado Cameron, conhece?



O  dono do bar ri, então para quando reflete um pouco…




-Hmm, sim mas na verdade não, nem vai ser fácil, um batra seijin chamado Cameron salvou várias colônias monroes de piratas, muitos anos atrás, um monte de gente hoje tem esse nome em homenagem a ele, eu devo conhecer uma centena assim.




Diz o velho brench seijin. Poe fecha os punhos, Gal termina a cerveja dela e se vira para chamar a garçonete. O reptiliano continua.





-A cara a história é meio sinistra, o que eu digo não é gente boa, deu um golpe do baú numa parente ricaça, depois sumiu.  



Gal vê uma das orelhas de Poe dar uma balançada nervosa, e chama a garçonete com certa urgência.





O dono do bar apenas nega, oferecendo cerveja, os reptilianos aceitam a dica e esperam lá, quando se voltam para a mesa onde Poe e Gal estavam.





 -Tem certeza meu chapa? Dizem que ele é alto, forte, pelo cinza meio escuro, e dizem que tem uma cicatriz ao redor de todo o pescoço embaixo do pelo, conhece?  




O dono do bar apenas sinaliza de forma negativa. Poe e Gal pagam a conta, se levantam e vão pra porta quando o reptiliano se coloca no caminho dos dois.




 -Um com cara de cuzão tipo esse que to olhando agora.  




Gal segura o braço de Poe por um instante, uma estranha energia corre por seu corpo, algo desagradavel, ela olha para ele.




Ambos se encaram por um instante.





 -Vinnie, larga esse babaca pra lá, vamos embora.  




O reptiliano apenas ri.






 -Pffft Vinnie? Sabe,tu não tem cara de Vinnie sabia?




-Vai fazer o que sua bicha? Me encarar só?






Gal puxa Poe, mas ele não se move, ela nota os pêlos dele  atrás no pescoço se levantarem.



O reptiliano continua, puxando um maço de dinheiro do bolso.





-Diz ai, agora que sei que é tu, cadê o omni?  Pode falar meu chapa,  diz ai ou tenho que pagar um programa e enfiar minha rola no seu cú pra você abrir o bico?  




Poe mostra os dentes, suas orelhas dobram para trás, nessa fração de segundo ele agarra o reptiliano pelo pescoço e afunda um direto de direita em seu estomago, seguido de um cruzado em sua fuça. O reptiliano gira dobrado.




-Razboi, porra, vamo partir esse cara ao meio e vazar.



Diz o colega do reptiliano, Razboi apenas se endireita limpando sangue do canto de sua boca. Gal se afasta.





 -Pfff por favor, minha vez!



Diz ele afundando o punho peito de Poe com um cruzado o lançando pela janela do bar em meio a uma nuvem de cacos de vidro.



Poe cai rolando, até parar batendo de costas em vários carros que estavam estacionados, surpreso e irritado se levanta arrancando sua jaqueta, enquanto Razboi sai do bar.




-Ta sussa mano, esse cara é fogo de palha, faz porra nenhuma.  




-Huhhuh a não ser que pague bem não é?




Ele assume posição, Poe corre pra cima e tem seu golpe bloqueado sem dificuldade, ainda com sua direita bloqueando o soco de Poe, Razboi o acerta com dois cruzados de esquerda no rosto, e o lança para trás com um direto no estômago; Poe para derrapando no chão cravando suas garras das mãos no asfalto, quando Razbo salta em rasantei para cima e o atinge com um uppercut o lançando metros para acima.





Saltando logo em seguida e alcançando Poe ainda no alto, ele lança um direto mas Poe desvia o atingindo com outro, eles em queda trocam cruzados até Poe segurar o braço de Razboi e girar ele no ar.




Ate ambos cairem abrindo uma cratera no estacionamento fazendo os carros parados levantarem no ar e estourando as janelas do bar.




Poe é chutado para fora da fumaça de escombros enquanto Razboi salta para cima com uma faca em mãos, ele afunda a lamina no asfalto errando a cabeça de Poe.




 -Qual é D. Dog? Acha que não sei quem era você depois de limpar a conta da coitada?  




D. Dog…



Os olhos de Poe se arregalaram em horror por um instante ao lembrar de palavras que ele havia enterrado e esquecido.



Razboi pega de surpresa tirando a faca do asfalto e atacando a cara de Poe, que segura o punho de Razboi com a lâmina antes.




 -Qual é, perdeu a coragem puta da rodovia? Desista. Onde está o omni, diga…





Poe empurra Razboi para trás e se levanta num pulo, Razboi se joga cortando o ar enquanto Poe desvia até em pé parar a mão  de Razboi com a faca de novo.




No desespero Poe solta a mão de Razboi e com as duas o segura pelo pescoço lançando contra o bar afundando ele na parede.


Poe logo salta para cima de Razboi e com ambas as mãos aperta o pescoço dele.




Razboi começa a engasgar, uma roda de algumas pessoas começa a se juntar.





  -gasp… hahaha… que anti… climax… mas ainda podemos terminar bem… seu desgraçado!!!




Diz ele girando a faca na outra mão e afundando ela abaixo das costelas de Poe uma, duas, três, quatro, cinco…




Poe cerra os dentes e numa explosão de força gira o pescoço e cabeça de Razboi fazendo som de algo quebrando, ele rodopia junto caindo sentado encostado na parede.




As pessoas correm ao ver a cena enquanto outras se afastam com os comunicadores filmando.




-Razboi!!!!




Grita o amigo do reptiliano caído que lança um sorriso para Poe…






 -Vocé… tá fudido… hahaha…  



Poe se afasta com a mão no ferimento. Razboi apenas abre um sorriso ainda maior arregalando os olhos.





 -Vocé é só um… vigarista de quinta, enganou a patrulha, minha tia, até a loirinha ali que tá com você não é? Huhu… foda-se…



Te… vejo… no inferno…  





Diz Razboi, em seu último suspiro, o colega de Razboi arregala os olhos, puxa uma faca do bolso de trás e salta para cima de Poe.



Gal surge entre ele e Poe, deixando que a faca entre em seu ombro, parando o ataque, seus olhos ficam negros, suas iris vermelhas, Poe nota de relance enquanto ele cai sentado sangrando, Gal gira rapidamente balançando seu ombro quebrando a lâmina, e empurra o reptiliano para longe, ele cai mas logo se levanta assustado, Gal puxa a lâmina de seu ombro, quebra ela fechando seu punho, a atira no chão em pedaços.




Sem ação, o reptiliano rouba um dos comunicadores que filmavam a briga e sai correndo.





Poe estava zonzo, de repente é tomado por cansaço, ele começa a sentir sua consciência ir embora.




Sol passa pelo meio do público que juntava com o carro e manda Poe entrar, confuso e sangrando muito o patrulheiro se recusa, tentando ir atrás do outro, quando Gal o ajuda a levantar e o joga no banco traseiro entrando logo depois o carro sem placa, sai em disparada na noite.




Poe perdeu mais uma, perdeu o controle, perdeu para seus demônios e agora começa a através do sangue que encharca o piso do carro, perder a consciência.








Não foi difícil para Sol e Gal controlar o patrulheiro, sangrando já estava sem forças, mas eles reclamavam, xingavam e até contavam piadas, fazendo de tudo para que Poe ficasse acordado enquanto cortavam caminho entre vielas até o médico que Sol disse.




Logo numa das muitas vielas escuras embaixo de chuva eles chegam, era o consultório de Ripper, médico preparador de Lagarde.



Poe não podia mais receber medigel para o curar rápido pois havia tomado sua dose limite antes de outra briga dias atrás, sem alternativas o médico faery trata da forma antiga, mantendo Poe sem anestesia e acordado.



Mas Poe delirava, em sua mente ele estava passando de novo por seu trauma, Ripper percebe pela vista perdida no horizonte do patrulheiro, até a hora que ele fecha o ferimento com fogo.





A dor passou, Poe podia finalmente desmaiar.







O quarto estava com luzes apagadas mas não muito escuro, as luzes da rua passavam pelas persianas fechadas, quando Poe abre os olhos, logo se colocando sentado na cama, estava zonzo, havia uma bolsa de sangue ligada no seu braço, enquanto ele olha ao redor logo ve duas silhuetas, uma era de Ripper, sentado meio deitado, de braços cruzados e fumando.





Outra era Lagarde.




-Apaguei quanto tempo?





-Um dia e meio, sorte sua que  Gal e Sol estavam lá, e eu sou um médico do caralho, se não seria pelo resto da eternidade.



Poe se reclina na cama.







-Docteur, pouvez-vous, s'il vous plaît, nous permettre d'avoir une conversation particulière ?

 



Ripper apenas ergueu uma sobrancelha, mostrando que tinha entendido nada.



Lagarde apenas respira fundo




-Docteur, por favor, pode nos deixar ter uma conversa em particular? A e deixe a porta aberta.



-Grato.





Ripper logo sai, com riso discreto, Lagarde volta a olhar as persianas.





-E você monsieur Poe? Qual é o seu problema? O que houve?  




Apenas protesta respirando fundo..




-Ele falou merda, eu bati nele, ai brigamos, ele meteu a faca em mim, ai quebrei o pescoço dele. Só.  




-Sair aqui, tenho que ir atrás de umas respostas dos amigos deles.




Lagarde apenas sinaliza de forma negativa.




-Je sais, as imagens tavam na extranet, mas você conhece ele? O que ele falou que te irritou tanto?



Poe lembra dos anos de abuso, da coleira de diamantes que usou anos com esse apelido seguindo ordens Dela.





-Ele me acusou de coisas que não fiz, cobrou coisas que não sei. S9 posso falar isso.



Lagarde apenas fica em silêncio bons minutos. Então continua.





-Se não quer falar eu entendo,  mas seja lá o que aconteceu, tem deixar pra trás.  



Poe apenas olha pro teto.





-Estraguei tudo não foi.



Lagarde responde rápido com um sorriso.





-Non, o que eles vão fazer? Chamar a polícia? Galáxias de cabeça para baixo, um assassinato numa estação cheia de criminosos ou mil da na mesma, graças aos metamorphs tocando o terror por ai.




-Sorte que não é famoso ou teríamos problemas, mas de fato, monsieur arrumou pra sua cabeça.





O monitor na parede liga com uma luta, o público indo a loucura, as luzes dando um show quando todas apontam para a arena, nela Zazz se preparava para lutar quando seu oponente entra.



Zazz era alto, 2,10 de altura, e ele batia no ombro do reptiliano que entrou dando socos no ar, esse reptiliano era alto, escamas verdes, calção e roupão vermelho.






-Razboi era filho de um almirante da patrulha galatica, o açougueiro de Celica, esse no ringue é o irmão mais velho.




-Vihelm Dragoste. "Drago",






Poe olha de forma assustada, Drago escrito nas costas do roupão do reptiliano.





-A não, não não não…  




Lagarde olha para traz um instante então volta a observar a janela, a luta na tevê começa com Zazz desferindo golpes potentes mas sem efeito, até Drago descarregar uma série de cruzados que deixam o kabutor tonto pintando a arena com seu sangue.





-Familia Dragoste anos atrás dominava a patrulha, federação galáctica comercial, e 3 das 5 famílias da mafia.





-Logo as mesmas traições e assassinatos que colocaram essa família no topo os tirou do trono, o pai desse indivíduo explodiu 85 planetas, matou incontáveis inocentes atrás de piratas, se não fossem eles a patrulha teria acabado ali.  





Zazz levava uma surra até cair com convulsões, o mesmo Kabutor que Poe quase se matou para lutar e perdeu. Agora era atendido no ringue após Balder, o treinador do kabutor, jogar a toalha desistindo da luta.




Drago em segundos era o vencedor.



Não demora até o ringue ficar tomado de médicos e repórteres, a plateia enlouquecida com o recorde da luta.




Quando os microfones abrem, pessoas pedindo declaração de vitória ou só algumas palavras para a posteridade, o calado Drago apenas encara a todos que ficam em silêncio.



-Só tenho algo a dizer, para o covarde que matou meu irmão horas atrás.




-Eu te desafio.  Eu vou te quebrar.




O monitor então desliga enquanto Drago saia do ringue com sua equipe.



-A promotora deles entrou em contato, eles te desafiaram apostando sua liberdade e/ou vida. Se eu não aceitar já perco uma fortuna nessa aposta já que eu tenho um contrato com eles.





-Eu disse que ia te consultar, e Poe…




Lagarde se vira em direção a saída do quarto.





-Eu não vou te forçar a lutar, porém não vou impedir eles de te pagarem se você perder, ou fugir.





-Também não quero você na minha equipe do jeito que está, preciso de guerreiros, não vigilantes.



-Preciso de lutadores, não brigões de becos atrás dessas lutas inúteis, preciso de caráter, compromisso, não um maldito justiceiro.




Poe olha com raiva.





-Eu tenho que ajudar esse povo. Ir atrás de respostas. Não vou deixar esses desgraçados me esfaquearem e saírem assim.




Diz ele com os dentes fechados, Lagarde apenas para, olhando Poe nos olhos.




-Bon Dieu, não seja idiota!



Poe para quieto.






-É você quem precisa de ajuda! Você sai esmurrando qualquer bandido de quinta, acha que está fazendo o que?! Eu te dou uma chance de ser alguém e você enfia ela no cu achando que é um heroí!?



-Quero você bem, longe de confusões, livre!




Poe rosna encarando Lagarde de volta;





-Liberdade é uma ilusão.


-Eu não sou herói, estou fazendo a limpa nesse lugar. Ele tentou me matar, eu reagi! Em minha defesa e da Gal!





Lagarde apenas olha de forma negativa.





-Não, você não é um herói. Você não é nem mesmo um homem, vai fazer o que depois? Vestir um uniforme e pular de um telhado em cima desses miseráveis?



-Encare a realidade, você não está fazendo nada fora arruinar sua vida! Meu negócio! Você não salvou ninguém, bandidos esses merdas se matam toda hora! Se perdem, voltam depois e roubam ou se vingam, se são presos, logo tão de volta, se são mortos, muitos virão tomar o lugar vago.




-Então, para com essa merda de vigilante, herói, para com essa fantasia!




Poe coça sua cabeça







-Às vezes, realidade não é o bastante, esse povo precisa de algo que os inspire, merecem ter sua fé recompensada. Essas pessoas merecem serem vingadas!



Lagarde apenas rosna em sinal de discórdia.




-Sacré bleue!!! Realidade é tudo que temos!!! Sim, é uma merda muitas vezes, mas é o que temos.




-Fantasia é boa, mas serve para realçar as belezas da vida, Não para substituir ela.  




Poe olha ao redor.




-Eu preciso ajudar essas pessoas! Eu tenho que fazer esses desgraçados pagarem!




Lagarde apenas respira fundo e segue caminho;




-Vocé quer morrer, está trabalhando para isso,  e o que você precisa é de ajuda. Bon nuit, Poe. Au revoir.





Diz Lagarde, batendo a porta ao sair,  Poe se deita com olhar perdido, ele estava com dores mas agora se sentia um inútil.



Poe estava só agora. Seus demônios  desesperadamente quietos, ele longe de estar em paz.










Foi uma recuperação difícil,





Poe recusa remédios contra dor, na saída do hospital ele compra sal, e segue para sua casa, jogando o saco de remédios dado pelos médicos no lixo.




Sua mente estava presa.




"Covarde"




"Não percebe? Você só existe por que eu te salvei, sente a dor? Sente queimar? Você vai me agradecer, não importa o quão eu te machuque, a vida fará coisa muito pior. Sempre."




"Sem sangue, faça sangrar."



Ecoa a voz Dela.



Poe arranca as roupas, as costuras de ferimentos, então, ele entra no banheiro com as mãos cheias de sal.



Horas passam.



Chovia, dava para ouvir o som da água escorrendo lá fora enquanto o sangue de Poe empossado no chão corria para o ralo em meio a pelos e costuras médicas arrancadas, o saco de sal vazio,  Poe estava de joelhos e cotovelos no chão, suas mãos embebidas em sangue cobriam sua cabeças enquanto ele encostava a testa no piso. Dor, angústia. Desespero.




Seu corpo repleto de cortes, sangue, sal nas feridas.



Pensamentos, memórias, vozes tomam sua mente de assalto enquanto seus dentes rangiam de dor. As vozes não se calavam.



"Huh calado, quieto você já está errado."




"Dor é um ótimo prazer, mas isso aqui é para punição, você merece, me agradeça!!! Sem gritar!!! Nunca mais me desobedeça!!!"




"Devia ter deixado no beco onde te achei, talvez estaria se masturbando com uma ratazana antes de comê-la agora, desgraçado. Seu merda. Cachorro inútil."



Ele respirava de forma ofegante, fora de ritmo. Dor, desespero.



"Inútil"


-Inútil.  



A dor corria por cada atomo de seu corpo, suas pernas estavam dormente.



"Faça tudo o que eles querem, tudo. Se eles querem que você sangre, você sangra, de joelhos. Agora!"



Dizia a voz Dela, quando o riso de deboche de uma mulher em outra memória surge.




"Huh Ela? Você é mesmo um mentiroso ou um cara de sorte. Tá aqui o que pediu pela noite."



Voz essa que se une a tantas outras de deboche e descrença, cada uma era pior que suas garras furando sua pele. Em sua mente, a dor da descrença só não era pior do que a dor da tortura fisica, cortes, queimaduras, surras… sons e sensações que não desaparecem.





Então sons de tiros e explosões vem a sua mente, alarmes disparando, Poe lembra quando a patrulha foi atacada e destruída…




"Onde você estava porra!!! O lugar estava queimando, gente morrendo, SEUS COLEGAS!!! Onde você estava!?"



Gritava um comandante em sua mente.


"Foi legal nossa conversa ontem Poe, vou fazer vigia na ponte de comando hoje, amanhã a gente se fala, beijo. Tchau."



Dizia uma voz feminina em sua memória, ponte de comando essa que foi explodida horas depois matando colegas e amigos na hora.  



Gritos de socorro, dor, choro, vozes do ataque dos metamorphs ecoam simultaneamente em sua mente, Poe cobre sua cara em negação;




 -Eu falhei… com eles… com todos…



Ele esmurra o chão.



"Você não é nem mesmo um homem, vai fazer o que depois? Vestir um uniforme e pular de um telhado em cima desses miseráveis?



Encare a realidade"




Dizia a voz de Lagarde em outra memória.



"Estou desapontada com você, muito."



Dizia a voz Dela passando por cima de todas as outras.



Dor, remorso, Poe crava suas garras fundo em seus cortes.



O piso do banheiro estava vermelho com o sangue que ele perdeu.





Ele grita, rosna de dor, raiva, confusão, e soca piso criando uma cratera de rachaduras…




"Quero você bem, e ao meu lado você sempre estará assim. Bem.





Eu te amo, mas tem horas que eu quero te esganar. "




Lembra ele de vozes de deboche, de seu tempo nas ruas, do maldito vício que teve de lutar, do tempo na patrulha, quando ele finalmente estava colocando a vida de volta no que ele julgava ser um rumo, perder tudo de novo, ele sente vergonha por não ter estado lá para lutar, mesmo se fosse só para morrer, tentou vingar eles limpando as ruas da criminalidade mas isso era uma guerra perdida, lembra da imagem Dela, como tudo só desandou depois de fugir, Poe, no chão de joelhos e cotovelos no piso, envolto em sangue, fecha as mãos ao redor da cabeça, encostando sua testa no chão, desespero. Isso que ele sentia. Se ferir era o jeito dele fazer essas vozes pararem, mas agora, para ele, eram retumbantes relâmpagos ao seu redor.



Culpa, vergonha, desespero, as vozes não se calam.



Era como dar murro em ponta de faca, por nada, ele se sentia preso, nada que ele fazia desde que ele escapou Dela, nada dava certo.





Liberdade era uma ilusão.







Desespero












Última edição por Art00 em Sex maio 05, 2023 1:14 pm, editado 1 vez(es)
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MensagemAssunto: Re: Cameron   Cameron Icon_minitimeSex maio 05, 2023 1:12 pm





Parte 2




Dois dias se passam quando Poe surge na mansão de Lagarde, estava com curativos novos, ele não sabia o que ia falar, só que não poderia ser por comunicador…



A imensa mansão fica em área climatizada, fria, luzes e detalhes da era vitoriana, ao redor dela uma larga floresta, funcionários entravam e saíam, não demora até Poe chegar no escritório da raposa, mas ele devia esperar, havia uma reunião em andamento.



Poe espera, o luxo do lugar fazia até esquecer que estavam em uma estação espacial gigantesca, paredes de madeira fina, lustres, a sala de Lagarde ficava ao lado de outra bem larga, aberta, dela saia uma estranha música de piano, nela haviam diversos instrumentos clássicos, ao fundo uma grande janela dava para um cemitério com estilo bem antigo, com estátuas, mausoléus, anjos, esculturas, a chuva e a noite deixavam a cena com cara que Poe só vira em filmes antigos..





Era estranho mas fazia sentido, Lagarde gostava de riqueza, e morar ao lado de um cemitério desses era caro, muito caro, um espaço memorial assim, permanente de terra no espaço para corpos era algo que poucos bilionários podiam.



Na sala Poe rapidamente nota o grande piano de cauda, nele uma silhueta escura de forma feminina tocava, Poe não reconhece a música, mas sente que interromper será um crime.



https://youtu.be/eHwR9kTIMeI






Aquela melodia dominava o ar, Poe apenas escuta, logo em sua mente, começa a lembrar, não dá dor, mas como a enfrentou, quem o ajudou…





"Dor? Isso é a fraqueza saindo de seu corpo, continue!!!"




Dizia seu mestre





"Você não luta pra salvar ninguém, você luta para se matar, o problema é que você é bom de briga… Seja um lutador."




Disse Sol uma vez.




"Sei que você não confia em mim, em ninguém talvez, mas por favor, não se machuque assim, tem gente por aí que vai sentir sua falta se algo acontecer, porra eu mal te conheci direito e já sei que vou sentir sua falta, peço a minha Senhora para que se levante, bem, que você esteja bem, torso por você."




A voz da Gal, que ele ouviu enquanto estava apagado no hospital.



A música tocada parecia tocar a alma de alguma forma, a silhueta feminina continuava a tocar. Era esguia, parecia ser uma raposa também pelas orelhas. Estava lá, séria. Poe sente ainda a dor, mas ela não o controlava.





-Bonjour, comment puis-je vous aider monsieur Poe?



Diz Lagarde, o piano para de tocar na hora, Poe se vira meio assustado, confuso,




-Hã? Nada… digo.. eu…



Poe se vira para a sala com os instrumentos, o grande piano negro estava coberto com um grosso tecido branco, em cima um vazo de flores e a foto de uma jovem, raposa de pelos prateados, similar a que ele viu tocando o piano.




-Elle était la lumière de mes jours, ma chère et douce soeur, et ce piano, esse piano era dela, custou quase tanto quanto essa casa para trazer para cá.




-Mas então, o que você quer?




Diz Lagarde chamando a atenção do patrulheiro.



Poe persebe que explicar o que viu será um esforço grande demais, o piano não era tocado a tempos, Poe não entende o que viu, mas aquilo havia mudado seus pensamentos.




Ele respira fundo.




-Eu quero tentar



-Essa talvez seja minha última chance, perto do que já fiz… do que posso…



-Eu quero lutar.




Diz ele com certa determinação nós olhos, sem dúvidas.










Foi uma longa tarde de ligações, mas o confronto estava marcado, próxima noite de lutas será longa;






-Três semanas! Oui, mais que o necessário, vamos logo!





Diz Lagarde passando entre os empregados, até que ele abre a porta de um carro e joga Poe com a mala dentro



-T'inquiète, je connais déjà quelqu'un de bien à entraîner, bouge ce cul, on va à Kalah ! Au revoir!




Poe não entendeu nada que Lagarde disse, mas logo ele descobre, estava a caminho de um local de treino, Kalah, um mundo próximo, poucas horas de viagem até o sistema vizinho.




Logo as dezenas de milhares de carcaças de velhas espaçonaves surgem,  Kalah era um mundo desértico, habitado apenas por coletores, criminosos em fuga, grupos de mercenários em treinamento e algumas equipes de ship breakers, recicladores desses veículos.



A descida foi calma, entre uma velha fragata e um cruzador de quase 3 séculos estava o local de pouso. Poucas pessoas, alguns vendedores, nada mais.




Céu aberto, terra firme, horizonte, apesar das pilhas de sucatas e naves gigantescas destruídas, coisas que Poe não via a meses, o sol rachava o terreno cor de areia quando um velho Destroyer passa lentamente voando por cima lançando sua sombra revelando diversos buracos por onde a luz escapava.



Poe para para ouvir os pesados motores do veículo tremer o lugar todo.




-Ignácia, 1 km de cumprimento, vi essa nave ser lançada, cruzar as galáxias incontáveis vezes, tempo é uma merda mesmo…  



Quando uma voz rascante chama atenção de Poe que se vira para ver seu treinador, Balder, o Sayajin que treinou Zazz, o kabutor;


Poe se aproxima e comprimenta, Balder era um Sayajin sério, usava um manto negro contra poeira.




A conversa dos dois é rápida, Lagarde já havia passado todo histórico para o velho, que reclamava da porra da língua estranha que aquilo tava escrito.



Ambos seguem viagem, algumas horas entre ruínas, montanhas de ferro que cruzavam as nuvens, até chegarem ao local de treino.




Um dos inúmeros ferros velhos, mas com algumas moradias e um ginásio, ao entrar Poe vê vários alienígenas de várias espécies, estranhamente poucos sayajins fora os que estavam em fotos em preto e branco.



Logo o patrulheiro descobre o motivo de Balder  o querer treinar para a próxima luta..



Uma foto grande, nova de divulgação de Zazz estava numa parede bem visível, presa nela uma fita negra, abaixo incenso e oferendas.




Zazz não resistiu aos ferimentos.



Poe encara a imagem, sinal de respeito. O velho apenas olha a imagem um instante e segue em frente.




 -Vamos, se quer honrar ele, faça aqueles lagartos terem uma foto assim daquele desgraçado lá no buraco onde vivem.



-Mexa-se!!! Vamos!!!



Ordena Balder, Poe logo pega suas coisas.





Era hora de treinar.










O ginásio ficava perto de gigantescas baterias anti-orbitais, grandes canhões que tocavam as nuvens, ao redor, pilhas de ferro.



Balder da a Poe um par de luvas protetoras e o leva até uma pilha de ferro.



-Kabutors tem punhos de ferro, quebrar um sayajin de elite não é difícil pra qualquer boxeador mediano deles, agora desmontar essas peças na base da porrada sim.




-Quero essa pilha de ferro no chão hoje ainda.  




Diz ele, Poe veste as luvas e dá um murro em uma máquina velha, ela nem se mexe.




 -Cruzador metamorph, até a privada deles é reforçada. Comece a socar.  





Poe logo começa a esmurrar a máquina velha, socar até suas mãos sangrarem dentro das luvas;



-Não mire no metal, mire atrás dele.  




 -Vou quebrar meus punhos assim.  


Balder apenas puxa uma cadeira e senta.


-Que quebre, esmurre essas máquinas até eu ficar cansado.  


Poe rosna então começa a esmurrar.




O sol cruza o céu tingindo as pilhas e montanhas de naves em laranja, a velha máquina que Poe esmurrou estava em grande parte intacta, a não ser onde ele socou, ali estavam marcas de punhos, tingidas de sangue.



Poe, esgotado, reclama arrancando suas luvas mostrando suas mãos cortadas, Balder apenas olha.



-Seu quarto é aquele alí, coloque essas mãos no gelo, coma e vá dormir, amanhã começamos as 5.



O patrulheiro apenas agradece, e segue para seu dormitório, um antigo bloco de dormir, apertado mas seguro.



A noite não foi fácil com suas mãos feridas ainda, ele se pergunta se conseguiria mesmo seguir adiante. Ele lembra de cada vez que se feriu, se cortou, se torturou, a dor nunca passa, mas após o treino, ela ganhava novo propósito, talvez, pensa ele.



Não está orgulhoso, mas "para quem está perdido, qualquer rota serve" como disse Gal uma vez, e pela primeira vez ele sente que estava seguindo um, um de sua escolha.



O sol surge antes da resposta na manhã seguinte. Hoje seria corrida, e Poe corre, seguindo Balder que pilotava um antigo carro.


Parando apenas para esperar Poe vomitar no acostamento, esgotado.



Balder apenas olha e segura um discreto riso. O treinamento estava apenas no começo.


Horas depois calejamento, Poe se ergue pelos braços em uma barra, um sayajin grande chega e o atinge com um martelo feito de peças das naves.


Depois de algumas pancadas no abdômen, Poe cai no chão sem ar…




Balder logo vê o trabalho que seria





….






Enquanto isso…




Em outro sistema próximo, um planeta chamado Hagalaz, era um planeta de giro muito lento, permitindo os dias lá levarem meses, fazendo oceanos inteiros evaporarem e virarem tempestades brutais quando batiam com o ar frio do lado noturno.



Em uma nave permanentemente em vôo, a frente das tempestades no crepúsculo estava a equipe reptiliana, Vihelm esmurra um saco de pancadas com pesos nos braços, até o saco de pancadas ser destruído.



-Você não está fazendo direito, tá batendo que nem uma bicha.  




Diz, em uma sala separada atrás de uma janela,  Lya, uma reptiliana de escamas verdes, com um longo vestido preto aberto atrás até pouco abaixo da calda e óculos negros. Ela estala os dedos e logo a sala toda onde Vihelm estava acende em tom rubro escuro, os braços de Vihelm se abaixam com um forte solavanco que quase o derruba. Ele a encara com olhar fúrioso.




 -Ampliei a gravidade, agora sim isso é um treino com pelo no peito huhuhu, de novo.  



Ordena ela, logo Vihelm ergue seu corpo com um rosnado e volta a socar outro saco de pancadas.




….



Enquanto isso em Kalah…




O patrulheiro corria atrás do carro de Balder, estava esgotado, desidratado, ele cambaleia até cair.




Balder para o carro e olha para traz, Poe parecia morto.




Quando Poe parece escutar algo, uma voz? Um distante, incompreensível sussurro que nunca ouvira,  Ele então desperta de olhos arregalados., apenas olha ao redor, Balder abre a porta para olhar se Poe estava vivo ainda quando vê o patrulheiro apoiar os punhos fechados no chão e se erguer.




Poe o encara de longe, olha ao redor, perdido, então volta olhar o carro, hora continuar.



O dia continua…




Treino seguinte era agilidade, esquivas, desviar de golpes, Poe leva a maioria mas continua, prática leva a perfeição.



Depois, Poe levanta pesos, era angustiante o seu olhar, mas ele continuava a erguer.




Os dias passavam, e logo a corrida cansada de Poe após horas se tornavam picos de velocidade, seu corpo dói, mas agora ele conseguia desmontar uma máquina pesada com socos..




Seus punhos sangravam, mas a dor era apenas a fraqueza indo embora.











Horas no sol, o treino deixava o corpo de Poe destruído, mas cada vez mais Balder ampliava os pesos, mais máquinas Poe conseguia quebrar em um dia, o calejamento não era apenas algumas pancadas, eram surras constantes em seu corpo com pesos que não mais o nocautearam.




Quando no meio da luta treino, Balder nota Poe desviar de um soco inevitável, perdendo o equilíbrio logo depois.





-Adrenalina fora de controle? Pfeh, bom.  



Diz Balder num canto olhando o treino.









Em Hagalaz, toda tripulação da nave observava pelas janelas da área de treino, Vihelm, que aos rugidos puxava uma máquina do tamanho de um carro de quase uma tonelada do chão, até ele soltar fazendo a nave inteira tremer. A reptiliana solta um discreto sorriso, antes de pedir para Vihelm continuar a erguer o peso. Com mais gravidade agora…









Balder tinha que andar agora, só assim ele acompanhava Poe que abria túneis no ferro velho com os punhos. Destruindo máquinas que antes mal arranhava.



O calejamento agora eram lutas diárias contra os professores do ginásio, as primeiras Poe perdeu, mas hoje ele conseguiu derrubar um instrutor sayajin com gravidade mais forte.











Os dias viram semanas…




Enquanto Vihelm, em Hagalaz, erguia pesos que antes mal mexia, Poe, em Kalah corria à frente do veículo que Balder pilotava, desmontava uma nave com os murros.




A raiva de Vihelm ao olhar a foto de seu irmão morto se tornava força que o fazia erguer uma das pesadas âncoras da nave que usavam em Hagalaz.




Poe enquanto isso enfrentava um dos Kabutors treinados por Balder, seu poder mostrava logo presença, pois era o Kabutor quem desistia por não aguentar mais lutar com gravidade tão alta…




Enquanto isso Vihelm, soltando fogo pelas ventas, sentia em seu corpo gravidade que antes ele mal conseguia ficar em pé, em seus braços, pesos e restritores de força para forçar ainda mais seus braços que agora ignoravam por completo as limitações. Seus músculos não tinham rivais que os exigiam ali.







Poe corre entre os destroços das naves, logo ele escalava, pulava, não havia paredes ali capazes de o parar, ele escala o grande cruzador Ignácia até chegar ao teto da ponte de comando que estava centenas de metros no ar, Balder com o carro que dirigia entre as pilhas que Poe destruiu, chega a tempo de ver Poe erguer os braços chamando atenção..




Algo raro para ele, que vivia soturno pelos cantos, lã Poe vê o por do sol em Kalah.





A luta seria próximo sábado








Omega, recepção do porto.




Lagarde encara Poe, parecendo não o reconhecer.




 -Não está como eu queria, mas pra destruir aquele verme insolente não vai precisar de muito mais  


Poe estava visivelmente maior, mais forte, Lagarde anda ao redor olhando.



 -O tal Drago é pura força bruta, então condicionei esse lobo para atingir com força, mas resistir mais ao dano, quando o dragão perder o fôlego, uns socos desses já devem bastar.



-Os dois não disparam ki, então vai ser uma luta bem franca.






-Ça a l'air bien, pelo preço, mandei um garoto e veio um soldado, um campeão!





Diz Lagarde, Balder apenas não leva a sério:




 -Não agradeça a mim, sim a ele, depois da luta, claro. Ele já tem boa resistência a dor, só estou dando a isso um propósito.





Não havia tempo de descanso, Poe passa às pressas para ver Sol, seu colega, que pra variar não estava lá, e Gal, sua amiga, que fica com as maçãs coradas ao ver Poe, ela confirma que vai a luta, logo ele estava de volta no Golden nugget, filas e pôsteres, as ruas cheias, casa cheia.




Era chegada a hora.








Última edição por Art00 em Sex maio 05, 2023 8:42 pm, editado 1 vez(es)
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MensagemAssunto: Re: Cameron   Cameron Icon_minitimeSex maio 05, 2023 1:17 pm




Final


A platéia fervilhava, hoje seria noite de disputas de títulos, mas uma luta era das mais esperadas.



Poe tem estado, quieto, observando, olhar focado.



Na arena, músicas mantinham a plateia animada enquanto nos bastidores os lutadores e suas equipes se preparavam.




 -La maison est pleine, meilleure nuit pour parier cette année, la foule se déchaîne. Ça y est.




-Ultima checagem, tudo ok?






Lagarde para Balder, andando de um lado para outro entre as áreas de preparação dos atletas. Balder apenas pressiona os olhos.




-Pela décima quinta vez, sim seu verme insolente.  




Poe estava sentado, concentrado, seus pensamentos perdidos entre a luta de hoje, tudo que aprendeu, tudo que deve fazer e o que não deve se preocupar.



Focado no que ele quer, o que fazer para conseguir, se ele quiser não ser mais atormentado por essa família, Vihelm não pode ficar em pé no fim da luta.




Balder e Lagarde discutiam pela milésima vez a mesma estratégia que a essa hora já era quase uma piada para o patrulheiro, ao menos o humor alivia o nervoso, quando Sol surge da multidão que passa no corredor, o greyano avisa.




Os reptilianos chegaram.



 -Pontuais.  



Diz Poe, estalando os punhos



Lagarde apenas agradece e sai de lá, Sol apenas olha Poe de longe e deseja boa sorte antes de sumir de novo.



A luta deles será a primeira.





….





Enquanto isso, Vihelm se preparava, rápido aquecimento, última checagem, quando Lya entra no vestiário todos se calam,



 -Já assinei a papelada, termos de responsabilidade e blah blah blah, algo a me pedir?  



Pergunta ela, Vihelm apenas a encara por alguns instantes.





as músicas na platéia param, a luta estava para começar




-Diga aos velhos que não luto por eles.



Era uma ordem clara. Lya encara de forma irônica.



- Ouviu? Vão te chamar, se prepare, seu maninho falhou em pagar eles ao comprar aquela briga idiota, Não me desaponte… benzinho…




-Só derrubar o cãozinho, aquele traste da raposa nos dirá sobre o omni, dívida paga, ponto final.


-Se perder, bom… O conselho vai ter que arrumar essa porra de alguma forma.



-Mas quem é melhor que você pro serviço?





Diz ela passando a mão no abdômen de Drago.






A arena estava em polvorosa, logo a música volta, batida antiga mas motivacional, um coral ao som de orquestra cantava



"Fighting hard, fighting strong, fighting harder"



As luzes dançam dando um show, na platéia da frente, Gal observava nervosa, nos camarotes Lagarde bebia sem sofrer os efeitos do álcool, pro arrependimento dele, quando Sol entra sério no camarote.




Quando as luzes param e apontam o ringue, aplausos eufóricos, lá estava o mestre de cerimônias lendo números, vitórias, derrotas, peso.



-Vihelm Dragoste… Drago!!!




Grita ele, as cortinas de um dos corredores abrem, de onde Drago e sua equipe saem.




Lya, em seu vestido negro colado aberto atrás, logo Vê Lagarde nos camarotes e lança um sorriso irônico.



Torres de fogo surgem iluminando o caminho deles até o ringue, Drago tira seu roupão e se prepara, de calção e luvas vermelhas. Logo o mestre de cerimônias continua, lendo os números, do lutador novato, então ele chama.






-Cameron Poe… Razor!!!





Gal se assusta ao ouvir, Sol havia revelado o nome de Poe para ela antes, dizendo que ele lutava usando um falso como meio de se proteger, mas ao ouvir o mestre de cerimônias estava claro. Poe iria entrar de cabeça nessa luta, não como um personagem.




-Chegou a hora garoto.  



Diz Balder dando um tapa nas costas de Poe, logo o patrulheiro entra, as luzes dão um show para a entrada do lutador, que logo sobe ao ringue,



Poe gostava de cores escuras, calção e botas pretas, mas luvas de visual clássico, simples de tom marrom escuro.




O juiz se coloca entre eles, que se encaram pela primeira vez, Poe batia na altura do peito de Drago, o juiz lê as regras enquanto ambos nem piscam.




-Eu vou te quebrar.  



Drago batendo os punhos contra os de Poe que descem com força.



Ambos se afastam até seus corners.





Soa o gongo!




Primeiro round




Ambos se aproximam, Poe erguendo a guarda quando Drago salta pro meio do ringue com um direto que explode no bloqueio, Drago, então continua descarregando uma sequência de direita que acerta o rosto de Poe.



Poe bloqueia e esquiva, atingir o dragão do sul era algo quase impensável com o raio de braço bem maior do reptiliano, mas ele se aproximava. Desviava, leva mais uma leva de jabs no  rosto já fazendo o rosto de Poe sangrar, quando Poe desvia de um direto de esquerda e explode um direto de volta, então mais outro no rosto de Vihelm que anda para traz com os golpes.




O Dragão não gosta, partindo para cima com um direto que faz o ringue tremer ao explodir na barriga de Poe seguido de um cruzado na cabeça do patrulheiro que cambaleia mas ergue a guarda e continua.




Vihelm não se contenta e começa a esmurrar, mais e mais os seus golpes batem no bloqueio, no rosto de Poe, quando o Patrulheiro se aproxima com um cruzado no queixo que lança Vihelm contra as cordas..





Vihelm logo esquiva dos jabs e retorna com cruzados na barriga e rosto de Poe.



Poe cambaleia escorregando no ringue, quando Vihelm nota o patrulheiro se levantar, rosna tão grave que faz o lugar vibrar, então atinge o rosto de Poe com outro direto de esquerda, o soco faz o chão tremer enquanto a platéia vai a loucura, Poe cai mas se recompõe, tonto mas de guarda levantada


Soa o gongo…



A equipe de Balder entra no ringue empurrando Poe para seu corner enquanto Drago vai para o dele…





-Foco, foco, ouviu, ele não sabe esquivar. E abusa demais da esquerda, ele acha que já ganhou. Lagartixa não sabe o que espera ela.




Balder para Poe que sangrava, estava ofegante:



 -Eu… Eu tô vendo três dele…  



Poe, tonto, ferido mas ainda determinado, Balder apenas ri, se levanta, finalizando os cuidados.



   -Acerta o do meio.





Poe se levanta, Drago recebe as últimas instruções, soa a gongo, começa o segundo round



Vihelm começa saltando para cima de Poe com uma sequência de direita, uma, duas, três, na quarta que acerta no rosto, Poe da um passo para traz, quando Vihelm dispara um cruzado de esquerda que Poe desvia.





Drago, irritado, se joga para cima com uma sequência de cruzados que explodem no bloqueio de Poe atê um de direita entrar, Poe tenta socar de volta mas o cruzado de Drago cruza a guarda aberta de novo explodindo na cara de Poe que vai ao chão…



O juiz abre a contagem…





Poe olha ao redor se recompondo… as luzes giram, a platéia grita abafada, onde é o chão?




"Desgraçado, você luta bem… mas eu nasci para isso… eu consigo…eu consigo… levanta.."



Pensa Poe se erguendo.




-Seu nome? Qual é o seu nome?




Pergunta o juiz



-Poe!!!  


Grita o patrulheiro, juiz autoriza, luta recomeça.



Vihelm se joga contra Poe e desfere uma sequência de jabs que lançam o patrulheiro para trás, quando Poe desvia de um cruzado e acerta uma sequência de jabs então um cruzado que joga a cabeça de Vihelm para um lado,  acertando um cruzado de direita logo depois que arranca sangue de Vihelm.



O dragão sangrava..



Vihelm vê o sangue em sua luva, seu sangue, Balder e todos notam a surpresa no rosto do reptiliano, fogo toma seu olhar.
Quando ele parte para cima desferindo um. Dois. Três cruzados que entram na cara de Poe, que retorna com um no abdômen e outro na cara de Drago.




Vihelm dispara outro que erra, deixando dois cruzados de Poe explodirem em seu rosto.



Soa o gongo




Mas Vihelm ignora explodindo um cruzado de esquerda no rosto de Poe, que cai de costas mas  logo se recompõe, salta para cima do reptiliano, acerta uma cabeçada e então ergue Drago no ar e ambos caem no chão se esmurrando.



Ambas equipes entram no ringue e separam os dois, com dificuldade.




A luta se tornava uma guerra de dois lutadores.





Poe senta em seu corner ferido, irritado, sem ar.




-Isso!!! Isso!!! Você viu!? Ele sangra!!! Ele não é uma máquina, é só um cara!!! Quebra ele!!! Você aguenta, ele não!!!    


Balder grita na cara de Poe, que não piscava encarando Vihelm.




Do outro lado…




-Ele… ele não é normal…  



Diz Drago em seu corner encarando o patrulheiro, Lya olhava da platéia em silêncio, junto a os conselheiros reptilianos que pareciam irritados.



 -É como… bater numa parede, desgraçado…  





Logo ambos se levantam, as equipes terminam seus cuidados. Soa o gongo




Começa o terceiro round.



Vihelm ergue sua guarda e vai para o centro do ringue onde começa a trocar jabs com Poe, que bloqueia e esquiva.



Se joga de lado virando a cara para reduzir o impacto dos golpes. Drago continua a esmurrar até jogar o patrulheiro nas cordas.



Poe esquiva, se joga de um lado para o outro dobrando seu corpo enquanto Drago explode seus cruzados no ar, os golpes soam como jatos ao cruzar deixando rastro de fumaça onde passam..




Quando Poe dispara um jab, Drago bloqueia apenas para Poe dar clinch o segurando, irritado, Drago rosna e arremessa o patrulheiro que bate no corner oposto, estremecendo a arena.



Poe sente o ar fugir de seu corpo, quando do nada, sente uma descarga de adrenalina que o faz desviar logo quando vê o cruzado de Drago surgir entre os flashes de fotos,  afundando um cruzado na barriga de Drago logo em seguida como resposta.




Então outro e mais outro na cara de Vihelm que anda para trás, Poe esmurra mais e mais até Drago bloquear Poe, travando seu braço e o atingindo com um cruzado no fígado. Poe dobra de dor, então Drago pisa no sapato de Poe e dispara um cruzado que Poe desvia, Drago então dá uma cabeçada, Poe tenta desviar, mas com o pé preso acaba caindo.




O patrulheiro rapidamente se levanta até ser jogado no chão por um direto de esquerda de Drago que explode em seu rosto. Até Gal desvia o olhar ao ver o golpe.




Poe se levanta, tonto, sangrando, mas se levanta. Que descarga de adrenalina foi aquela? Pensa ele.





A guerra segue.




Quarto round começa



Com Drago se jogando disparando jabs e cruzados no meio do ringue, socos explodem no rosto e corpo de Poe que retorna com Cruzados até Drago ver uma abertura e entrar com uma sequência de direita que entra fazendo Poe cambalear, até desviar da esquerda de Drago, deixando Poe acertar um gancho e um cruzado no Dragão que dá um passo bambo para traz.




Nenhum dos dois cedia.






Quinto round



Os dois estavam sangrando, esgotados, a platéia enlouquecida, Lya e Gal olhavam ambas com nervoso no olhar.



Vihelm não tenta mais desviar, disparando jabs e com jabs desviando os cruzados de Poe, ambos trocam ganchos, cruzados quando Poe atinge Drago com um direto que o lança para trás, Poe, vendo Vihelm de guarda baixa,  se joga para cima de Drago com um cruzado quase aéreo.




Mas Vihelm desvia o golpe com um jab, acertando três cruzados de esquerda no fígado seguido de um de direita na cara de Poe que cambaleia e cai. O cruzado o atinge com tanta força que o ar explode quase como um trovão, sangue voa, uma das gotas até bate no rosto de Gal. Que olha assustada.






O juiz abre contagem.





-Você está bem!!! Espera até o oito!!!  



Grita Balder, Poe quase não escuta, as luzes giravam, vozes iam e vinham, suas costelas se mexiam mais do que deviam…




Quando mesmo tonto ele apoia um punho no chão e se levanta. O juiz pergunta qual era seu nome para checar se estava bem.




 -Poe!!!  




Rosna ele, Drago, também sangrando muito, ruge e volta para a luta soltando fogo pelas ventas.




Sexto round da guerra e ambos estavam acabados mas sem fraquejar, eles se levantam de seus corners, sangue pingava no ringue, a platéia estava em pé enquanto cruzados cortavam o ar com um zunido, golpes explodiam nos bloqueios e rostos dos lutadores, sangrando e inchados..




Poe se mexia de um lado para o outro fazendo Drago, sem fôlego, disparar seus jabs e cruzados. Até um entrar e ele cambalear, Drago vê a chance e dispara um cruzado de esquerda que acerta, mas Poe vira a cara junto reduzindo o efeito golpe, o patrulheiro, mesmo de passo bambo se volta rapidamente e desfere uma sequência de cruzados no rosto de Drago que enchem sua cara de sangue e raiva.





Setimo round e olhares irritados vinham do sindicato reptiliano enquanto Lya olhava de forma negativa parte da platéia gritar no nome de Poe. Gal e Balder esmurravam o ar, gritavam e incentivaram.





No ringue ensanguentado a guerra continuava com Drago lançando uma série de cruzados de direita que fazem Poe cambalear para trás de um canto a outro do ringue até errar o último cruzado, dando brecha para o patrulheiro o acertar com um gancho no queixo e mais dois horizontais, Drago ruge se virando e explodindo um cruzado de esquerda que arremessa o protetor bucal de Poe longe.



Mas ele, tonto, com dificuldade de respirar e ficar em pé, banhado em seu sangue, se recompõe e dispara ganchos na barriga de Drago que cambaleia para trás.



A platéia não parava de gritar, eufórica.




Soa o gongo.


Com um jab de costas de mão, Drago afasta a garrafa de água  lhe oferecida enquanto se levanta de seu corner, Poe nem sentava mais entre os rounds.




Gal roía as unhas, Lagarde virava sua quinta garrafa de champanhe, preocupação em seu olhar, Lya olhava incrédula.





Oitavo round começa com os dois se jogando para cima disparando uma saraivada de jabs que se tornam cruzados, Poe estava atrás no placar, mas o fato de não ter sido nocauteado irritava Drago que expirava fogo de raiva enquanto seus cruzados cortavam o ar como relâmpagos, até atingir uma sequência de cruzados que fazem Poe voar para trás, mas retornar, mesmo cambaleante, com outra leva de cruzados.




Nono round e membros do conselho reptiliano se levantam e vão embora, Lya estão arrebenta seu comunicador o lançando no chão.





Os jabs velozes davam espaço à mais cruzados calculados de Drago, que respirava de boca aberta. Poe continuava, de língua de fora as vezes, sem fôlego mas continuava, Drago erra um cruzado e leva dois ou três jabs, quando erra outro leva mais dois, até ele voltar a esmurrar Poe com jabs que o patrulheiro tenta desviar mas leva a maioria.





Décimo round, Drago rugia, respirava como se rosnasse sua raiva, fogo saia de suas narinas e boca enquanto ele voltar a disparar um nuvem de cruzados, que Poe retornar com jabs, Drago perde a paciência e tenta dar clinch no patrulheiro que o afasta e o atinge com um gancho horizontal, Drago cambaleia, mas logo retorna com outro que lança o patrulheiro nas cordas, mas Vihelm não chega a tempo, Poe se recompõe antes e desvia como se visse tudo em câmera lenta para o centro do ringue.





Décimo primeiro, round, ambos explodem cruzados um contra o outro que racham as janelas de camarotes, Vihelm sente o ki de Poe estar baixo, mas o seu não vai longe. Não se continuar atacando e errando.





Décimo segundo, ambos partem para cima um do outro com diversos socos que se encontram no ar, os narradores da luta para transmissões iam a loucura, um olho de Poe, lavado em sangue, estava fechado por causa do inchaço, Drago também fora áreas descamadas de seu rosto sangram muito por causa dos golpes que levou.



Soa o gongo…





Ambos sentam em seus corners, última parada antes do último round.





 -Chegamos até aqui, mas daqui Ele não passa, entendeu!!!




-É agora, quebra ele  




Poe cospe a água ensanguentada no balde.





 -Se ele… quer me matar… melhor ele estar preparado para morrer, Porque ele vai ter de me enfrentar…  




Poe ofegante, enquanto isso,  Lya escuta uma bronca do presidente do conselho de boxe da galáxia sul antes dele sair.




Ela se irrita vendo eles irem embora, as palavras duras a motivam a correr até o corner de Drago, que estava ferido, sem ar, banhado em sangue.





 
 -Você tem de reagir, você está nos fazendo passar vergonha, você é o campeão, reage porra!!!  





Grita ela, Drago se virou vendo o camarote reptiliano vazio, enquanto outros reptilianos na plateia gritavam nome e apelido de Poe.



Nessa hora ele se levanta empurrando sua equipe, estica seu braço e apanha Lya pelo pescoço, ela sente, mesmo ele estando com luvas de boxe, as garras dele apertarem seu pescoço.





-Eu luto porque eu quero. Para vingar meu irmão.


-Coloque-se em seu lugar!!!  





Diz ele soltando ela no chão ao lado do ringue. Lya cai sem ar, tossindo, assustada ela, de olhos arregalados e tremendo, olha Drago, o olhar dele que ruge  em chamas a paraliza, ela gagueja querendo gritar enquanto sente o lugar onde ela caiu aquecer.



Lya se urina de medo. Uma poça se forma molhando até suas mãos.



Mas ninguém nota por causa da escuridão e roupa preta, assustada, ofegante, suas mãos tremem muito, pânico a toma, ela se rasteja, fica horrorizada, então levanta e sai de lá o mais rápido que pode.



Soa o gongo…





Décimo terceiro, round, ambos caminham até o centro do ringue, se encaram uma última vez.




 -Até o fim.  





Drago, erguendo sua guarda. Poe começa se jogar de um lado para outro então Drago se joga para cima, cruzados cortam o ar como relâmpagos enquanto Poe desvia.



Até o patrulheiro retornar com um direto, facilmente desviado com um jab de Drago, que leva outro cruzado na cara.



O poder flui nós olhos de Vihelm, nesse instante ele dispara um direto de direita, Poe tenta desviar mas é atingido por outro de esquerda que afunda entre suas costelas, ele é empurrado com força para trás enquanto seus sapatos derrapam, Drago salta para cima com outro e mais outro cruzado, até um de esquerda fazer uma das presas de Poe sair voando.



O patrulheiro sente a adrenalina explodir em seu corpo então dispara uma saraivada de jabs contra o dragão que retor com diretos pesados que passam zoonindo no ar, era como se a dor enfurecesse o patrulheiro. Que soca, esmurra. Empurra, no frenesi desfere uma cabeçada seguida de um direto no estômago de Drago,  então outro direto mas agora no fígado.



Então outro. Outro e mais outro.




Poe começa a empurrar Drago para as cordas a cada cruzado que atinge o queixo do dragão que tenta erguer sua guarda. Mas eram como máquinas quebradas, Poe atravessava esmurrando.




"Vença"





Diz um sussurro nos ouvidos de Poe, voz feminina que ele nunca havia ouvido antes.



Drago tenta socar de volta mas seus socos batem nós de Poe que esmurrava sem parar.



Drago para nas cordas de guarda alta, Poe continuava socando, quase como em transe.



O mundo em câmera lenta, as luzes brilhavam como nunca.



Direita, esquerda, direita, esquerda, gancho, esquerda, gancho, direita…




Flashes surgem da platéia quase ofuscando as luzes.



Drago não acreditava, na dor que sentia, no mundo que girava ao seu redor.



Poe continuava  esmurrando Drago nas cordas.



Gal grita, incentivando, com lágrimas nos olhos, Balder, socava o ar no mesmo ritmo, Lagarde olhava de olhos arregalados, até os outros lutadores que iam lutar depois observavam dos túneis de acesso, Rash olhava surpreso, Landon olhava assustado.




Drago se vê só, raiva se torna dor em seu rosto enquanto para Poe o mundo para…




Drago consegue desviar de um dos golpes e jogar um cruzado de direita, quando Poe esquiva para traz com os braços abaixados…


O golpe de Drago cruza o vácuo explodindo o ar que assusta as pessoas da platéia e racha janelas nos camarotes.



Poe gira seu corpo e dispara um gancho, que passa pela defesa de Drago, afunda em sua barriga, o golpe sobe rasgando as escamas de Drago, torcendo suas costelas embaixo dos músculos para cima, até explodir no queixo de Drago. O som do soco faz todos gritarem eufóricos.




Os braços de Drago perdem a força, suas pernas se dobram enquanto sua cabeça se volta para baixo com olhar perdido enquanto ele gira.




Ele vai ao chão. Paralelo as cordas.




Juiz abre contagem.



A platéia conta junto.





Drago começa a socar o chão tentando se levantar mas logo cambaleia ao ficar de joelhos, fazendo o juiz agitar os braços.




Knockout. O Dragão havia caído.




Poe, não acredita, caindo de joelhos no ringue de braços erguidos enquanto as equipes, repórteres, pulam no ringue.





Pela primeira vez ele vencia uma luta de boxe assim. Pela primeira vez algo fora o teto de um hospital após uma luta.





Pela primeira vez, vitorioso.





A equipe dele se abraçava comemorando enquanto Balder ficava quieto, com olhar sério, Gal ria, chorava,  aplaudia, Lagarde quebrava uma garrafa no chão sem querer ao levantar erguendo os braços.




A luta havia terminado.




Poe dispensa dar entrevista, e evita comemorar, ele nota em um camarote a mesma silhueta que ele viu na mansão, parada olhando, sem ser vista pelos espectadores, de forma delicada ela ergue uma mão como se apoiasse ela no vidro, então some.





Um estranho pensamento corre por  sua mente, Vihelm queria vingar o irmão, e havia falhado, Poe havia se livrado da perseguição deles, mas ainda se sentia o culpado, não existe legítima defesa, apenas matar, morrer, vingar, o olhar que o calado Dragão lança antes de ser levado nos ombros de sua equipe mostra.



Aquilo não terminaria ali.




Poe fica sério, ele havia vencido, mas pelo que? Para lutar outro dia? Ele sabe que não deve pensar assim, que aquilo poderia ter matado ele, mas ele lutou, para alguns ele até pode ser uma inspiração, sobrevivente de duas tentativas de assassinatos seguidas, vencer um grande campeão mesmo a luta não valendo título, mas para ele cada vitória contava, devia, por menor que fosse. Continuar pelo espírito de lutar.




Vencer uma luta dessas todos os dias, mesmo pequenas conquistas eram motivo de comemoração, mas para ele as coisas, estavam longe de ficar fáceis.




Ele estava de joelhos, no chão,  sangrando, logo ele se levanta, as únicas vozes que ouvia era a fanfarra da vitória, as perguntas e vozes comentando, seus demônios estavam calados, por hora.








Fim








Aftermath



Leva dias para Poe se recuperar, mas pouco tempo para receber uma missão, Sol o espera de carro com uma ligação em espera, comandante Jacko tinha uma nova tarefa para o patrulheiro, uma missão em busca de resolver uma suposta ameaça no planeta Breench, Poe não queria voltar a servir mas a situação com os metamorphs não seria resolvida da noite para o dia, a carreira no boxe teria de esperar.



Lagarde já sabia, tanto que Poe não teria mais lutas no futuro próximo agendadas, deixando ele se dedicar a missão ultra importante, Sol havia se comprometido a ficar de olho em Gal enquanto Poe está fora, e Gal seguia em seu restaurante, apesar de não gostar de saber que o patrulheiro teria de cortar qualquer contato com eles por hora, o risco dos metamorphs chegarem neles era grande demais.



Ela se prostrava à frente de uma imagem de K'alahira, a serpente infernal devoradora de deuses, pedindo proteção.



Lya havia desaparecido nos corredores do cassino, a quem diga que a viu tomar um carro e sumir antes da luta terminar, ninguém sabe de fato.



Vihelm volta para Hagalaz, mas ao invés do conforto da nave, ele veste os braceletes, cintos, e tornozeleiras gravitacionais mais potentes que tem e desce a terra firme, com uma ordem, para encontrá-lo nesse mesmo ponto em alguns meses quando o sol nascer de novo, ele descidiu, com muita dificuldade, enfrentar a tempestade apocalíptica permanente daquele mundo e as feras que nela sobreviviam, para ele apenas assim teria força, para a equipe na nave, se esse planeta não matar ele, nada mais irá. Dizem enquanto o lutador desaparece nas sombrias nuvens e ventania infernal que acompanhavam o lado noturno.



Eles seguiram suas vidas, Sol suas investigações, Gal em seu bar, Lagarde e suas apostas atrás de lutadores para ganhar um torneio vindouro.



Poe voltava a patrulha com sua colega, Lory, uma das duas pessoas que confiava.






Tempos depois…





Lagarde estava em seu escritório quando um Breenchseijin entra, era alguém de terno negro, acompanhado de outros vestidos iguais, esse carregava uma pesada caixa de madeira do tamanho de um frigobar.




-Senhor Anton Lagarde, em nome de minha cliente, eu e meu pessoal lamentamos a demora, a "alfândega" metamorph não foi fácil de driblar, eis o pagamento da aposta da luta, como combinado.



Lagarde olha confuso seus seguranças.





-Oui, como?




O Breenchseijin apenas coloca a pesada caixa na mesa e abre, dentro uma esfera cristalina, dentro dela havia cinco marcas como estrelas, a esfera era de cor azulada e tinha uma rachadura. Emitindo uma energia que causa em todos ao redor uma estranha sensação angustiante, Lagarde porém abre um sorriso discreto.




-Oh, celle-là, ma douce dame, elle n'a rien eu à payer




O Breenchseijin enfia a mão no bolso e tira um comunicador.



-Isso ela prefere explicar diretamente.




Diz ele estendendo a mão aberta, o comunicador em sua palma solta um brilho forte, Lagarde nota como o tempo ao redor parece parar enquanto uma imagem surge.



-Pourquoi ne suis-je pas surpris de te voir, ravissement de mes yeux…



A imagem surge enquanto Lagarde faz uma educada reverência





-Até parece um homem educado, onde estava esse homem que desistiu da luta combinada contra o dragão? Você prometeu que o neófito ia vencer. Eu apostei como combinado.




-E perdi



Diz uma voz feminina, suave, meio arrastada, típica de reptilianos, mas sedutora de um jeito sério, Lagarde apenas endireitou sua postura.




-Lamento por não tê-la avisado, ma douce dame, mas Poe estava muito determinado, eu não podia… interferir nessa luta.




-Não precisa pagar nada, direi a seu mensageiro para levar a esfera de volta.




A esguia e bela silhueta feminina em uma ensolarada varanda ao redor de densas árvores sorri, ela estava de vestido claro, digna de recepção de embaixadores, apenas ergue a mão, Lagarde para de falar




-Não, eu perdi, eu pago, até porque isso não teria utilidade para mim. Não essas.



Lagarde olha de forma séria.





-Eh bien alors, então do que precisa? Um treinador novo para o Dragão?




A silhueta feminina olha com certa dúvida.




-O tal do Vihelm? Ele não é problema meu, ele e os chefes dele que resolvam, quanto a mim, com todo respeito renard, parece que eu preciso de algo?




Lagarde olha de forma surpresa, ela continua.





-Você é poderoso Lagarde, como um trem, rápido, forte, mas como as velhas serpentes de aço, aí de você  escapar da linha que precisa seguir, esquecer de frear antes das curvas...




Lagarde apenas olha ao redor, tudo congelado no tempo.



-Pardon? Então por que estamos falando?





A reptiliana apenas respira com tranquilidade.





-Quero apenas agradecer por ter cuidado de meu garoto, tirado ele dessa vida de prostituição e vigilantismo, dessa vida simplória cuja a única preocupação é pagar contas e cumprir cargas horárias, obrigada por ter dado um rumo para ele. Por favor, aceite essa esfera de volta como pagamento também por isso. Símbolo de minha gratidão.






Lagarde olha meio consternado.





-Não pode ser… Poe?  




A silhueta apenas reclina em sua poltrona.





-Cameron, Poe nunca existiu, criei ele com os melhores professores, dei a melhor de todas educações, o mais pesado dos treinos, dei a ele tudo do bom e do melhor e ensinei o valor de tudo na vida, criei ele para ser o maior guerreiro que esse universo já viu.


-Não criei ele para ser mais um ser pagante de contas, não criei ele para ser mais um rosto sem alma, perdido, raso como uma privada sem descarga entre tantas caras de gado imundo num ônibus, não.



Eu criei ele para ter personalidade, desejo de dominar, vencer, e como de costume, sei que você manterá isso entre nós, huhuhu ele acha que pode parar os metamorphs. Coitado.





-Iludido. Assim como quem vai atrás dessas esferas, ignorantes, acreditam que podem ganhar um pedido especial se juntarem todas elas, outros sabem que estão corrompidas, apenas o deus que as criou pode usar.




-E eu… Bom, eu sei que as mãos deste deus tremem.  




Lagarde fecha os punhos com força. Olhando a senhorita ofuscada pelo sol com seriedade. Então abre um sorriso amistoso.




-Você se preocupa demais com o amanhã, eu não tenho dúvidas, faço o amanhã como eu quero, pode dizer o mesmo? Huh, não perca seu tempo tentando controlar o que não pode.



-O universo não gira ao seu redor, ele gira ao meu redor, huh, se precisar de minha ajuda, sabe meu número, tenha uma boa noite meu caro Renard, Au revoir mon cher…




O tempo volta a correr normalmente.




O Breenchseijin apenas coloca o comunicador de volta no bolso, e se despede formalmente, Lagarde fica quieto um bom tempo, seus seguranças não sabiam o que havia acontecido, sabiam apenas que havia.




Pensativo, Lagarde enche um copo com whisky sem gelo e bebe, encara a esfera do dragão, espera em silêncio.




Até seu copo escorregar de sua mão e arrebentar no chão.



Os cacos se espalham enquanto as peças se encaixam em sua mente.



Imagens, vozes, sons.




Lagarde sabia que Poe tinha tudo uma vida complicada antes de entrar no exército e depois na patrulha, tudo dava errado, alguém vivia aparecendo atrás de algo chamado omni, logo com eles mortos ele foi pro Omega tentar ser vigilante, com lutas em becos e gaiolas sua vida desandou ainda mais. Ele não tinha boas lutas, perdia nada senão poder.



Até Landon perder uma aposta que não poderia e roubar sua banca de apostas. E Poe sendo contratado. Um teste.





Desse momento tudo começou a seguir um roteiro, as lutas que quase o mataram, a luta contra Zazz, Zazz sendo morto e Balder decidindo treinar Poe, ele lembra do que Balder disse sobre como Poe precisou de um treino que o próprio Zazz não aguentava por que o corpo dele tinha uma tolerância a dor bem maior, era como se ele se machucasse de propósito, agora, depois de tudo isso, ele recebendo uma missão que vai botar ele de volta na patrulha, ou no que restou no caso.




Tudo isso voltando depois que a mesma palavra voltou a atormentar o patrulheiro, "onde está o Omni?"




Ela queria ele fora daqui, e usou tudo e todos para fazer isso acontecer.



Lagarde se levanta, vai até a janela observar a cidade na noite eterna.



Devia ela ter algo a ver com essa missão em Breench? Não, mas com certeza vai ajudar a por Poe de volta nas lutas de risco.




Como ela quer…




Para que?





Lagarde começa a pensar o que de fato em tudo aquilo foi escolha dele mesmo. Ele volta a olhar a esfera do dragão.




Ele se achava livre para fazer o que quisesse com quem quisesse, mas agora ele desconfiava do que Poe dizia era mesmo verdade.


Liberdade era uma ilusão.




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